Boas Vindas

Se é, está, ou foi lixado, seja bem vindo a um blogue P´ralixados. Se não é, não está ou não foi lixado, seja bem vindo na mesma porque, pelo andar da carruagem, mais cedo do que tarde acabará também por se sentir lixado. Um abraço.

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Uma Obsessão Pela Destruição


(Imagem da Internet)
Já escrevi neste blogue, (ver este post), que a solução para o desemprego a nível mundial, tem que passar necessariamente pela diminuição das horas de trabalho (e não estou sozinho nesta defesa. P. ex. Robert Skidelsky, Economista e membro da British House of Lords, professor jubilado de Economia Política na Universidade de Warwick, é também um defensor acérrimo desta aproximação ao problema do desemprego).
Ora ao que assistimos é exatamente ao contrário, ou seja ao aumentar das horas de trabalho de cada trabalhador. O exemplo acabado da fixação nessa opção, no nosso país, está no recente aumento do horário de trabalho dos funcionários públicos.

Mais uma vez nada melhor, para demonstrar a irracionalidade destas opções, do que números, e vamos a eles:
- Os funcionários públicos, em Portugal, e ao contrário do que o Governo nos quer fazer crer, não são atualmente demais, e, tendo em conta os 4,5 milhões da População Ativa,  estão até abaixo da maioria dos países europeus e da média da OCDE , conforme gráfico abaixo. Estamos portanto perante uma falácia, mais uma, do nosso Governo.
(Evolução dos Funcionários públicos em % da População Ativa, entre 2001 e 2011, segundo a OIT)

Mas regressemos ao aumento do horário de trabalho, e comecemos por  passar em revisão a evolução da diminuição dos funcionários públicos em Portugal, em valores absolutos:
- Em Janeiro de 2005 eram 748.000
- Em Janeiro de 2011 eram 663.000
- Em Maio de 2012 eram 608.000
- Em Julho de 2013 eram 575.000
(Redução de 173.000 (23%) em 8 anos, à razão de 21.625 ao ano (83 por dia).

Na falta de números atualizados, fixemo-nos nos 575.000 de julho. Estes funcionários com um horário de 7h por dia, asseguram ao Estado uma produção de trabalho mensal equivalente a 84.525.000 horas/homem (12.075.000 dias/homem).

Acontece que com o aumento de 1 hora por dia no horário de trabalho, para assegurar a mesma produção de trabalho bastarão 503 mil funcionários ((84.525.000/21 dias)/8horas).
Ou seja, com esta medida o Governo coloca implicitamente na situação de potenciais excedentários 72.000 funcionários, quase  tantos quantos os que foram reduzidos desde Janeiro de 2011.

Agora imagine-se a calamidade social que se gerará se este mesmo princípio, em contraciclo com o que deveria estar a ser feito, começar a ser aplicado no setor privado, onde há muitas convenções para as 35 horas de trabalho semanal.

Se esta medida e outras como ela não são uma obsessão que este Governo do PSD/CDS tem pela destruição, não sei o que é nem obsessão nem destruição.


sexta-feira, 22 de novembro de 2013

O Grande Embuste III - Foi o Governo PS do Sócrates que Endividou o País.

Gráfico 1 - Agravamento das dívidas de 5 Estados entre 2005 e 2010
(Clique na imagem para ampliar)
  
Gráfico 2 - Agravamento das dívidas dos mesmos 5 Estados entre 2010 e 2012
(Clique na imagem para ampliar)

De entre os vários embustes que este Governo do PSD/CDS nos brindou, desde o "desvio colossal" até à "cultura do despesismo", está a questão da Dívida Publica de Portugal. Começaram por lançar a atorada que o PS através de Sócrates tinha endividado o país mais do que qualquer outro na Europa e que "era o crescimento da dívida que estava a impedir a competitividade da economia e o crescimento do país". Depois afirmaram "mas... vai ser este Governo a pagar a dívida" (chegaram até a enxovalhar o Sócrates quando ele, já em Paris, disse que as dívidas dos Estados não eram para pagar, mas sim para gerir). E acabaram endividando em dobro Portugal.

Vamos então aos números, porque estes não mentem:

No 1º gráfico podemos ver a evolução das Dívidas de 4 países (Portugal, Espanha, Reino Unido e Alemanha) durante os Governos Sócrates desde 2005 até 2010 (em 2011 já o Governo foi do PSD/CDS). O agravamento em 5 anos foi de:

- Reino Unido    73% (14,6% ao ano)
- Espanha         64% (12,8% ao ano)
- Portugal         56% (11,2% ao ano)
- França            39% (  7.8% ao ano)
- Alemanha       35% (  7,0% ao ano)

Portugal, em 5 anos, teve um crescimento da sua dívida em 58,06 mil milhões (de 104,41 para 162,47 MM), à razão de 11,6 mil milhões ao ano, e muito longe de ser o campeão do endividamento.

Nº 2º gráfico, que representa já o período do Governos dos “salvadores da Pátria” do PSD/CDS, podemos ver a evolução da Dívida dos mesmos 4 países (ainda não há dados para 2013, mas há projeções de especialistas para fecharmos o ano de 2013 com uma dívida de 227 mil milhões de Euros, ou seja, cada português “deverá”  22.700,00€):

- Espanha         37% (18,5% ao ano)
- Portugal         26% (13,0% ao ano)
- Reino Unido    26% (13,0% ao ano)
- França           15% (  7,5% ao ano)
- Alemanha        5% (  2,5% ao ano)

Portugal, em apenas 2 anos, teve um crescimento da sua dívida em 42,37 mil milhões (de 162,47 para 204,84 MM) à razão de 21,19 mil milhões ao ano, e com uma taxa de endividamento anual maior. Ou seja, os “salvadores da Pátria”, que tudo fizeram para termos cá a Troika para nos “salvar da bancarrota” e ajudar a resolver os nossos problemas estruturais, agravaram em dobro o endividamento anual do país.

Estes números ainda dão para outras conclusões, nomeadamente para ver que país está a lucrar com a desgraça alheia, mas mais palavras para quê, se “estamos no bom caminho”?

Os dados são do Eurostat e podem ser consultados aqui

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Um País Destroçado

(Imagem da Internet)
 
Um país a envelhecer, onde os velhos são explorados, roubados, maltratados e depois abandonados à sua sorte;
Um país sem trabalho, onde os que ainda conseguem ter um são assaltados pelo “Governo”;
Um país sem empresas, onde os empresários que sobrevivem são espoliados com impostos;
Um país a empobrecer, onde os pobres são humilhados;
Um país com uma juventude resignada, à qual roubaram o futuro;
Um país com um Governo de personagens inqualificáveis e inadjetiváveis, que protege, deixa à solta e por julgar, os ladrões que roubam o Estado;
Um país sem oposição às politicas do Governo, porque tem telhados de vidro;
Um país sem justiça, onde grassa a impunidade e o delito é recompensado;
Um país destroçado, do qual, no fim desta “aventura politica”, restarão apenas ruínas;
Um país sem rumo;
Um país em agonia e sem esperança;
Um país em marcha fúnebre.
Ou não era este o meu país, ou
Já não reconheço o meu país.
 

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

No Fim Não Restará Pedra Sobre Pedra


(Imagem da Internet)

Pouco me importa se os irreversíveis danos que este Governo do PSD/CDS está a causar a Portugal têm por fundamento uma convicta politica neoliberal, são uma fixação utópica da direita, são um qualquer fanatismo ideológico, ou se são simplesmente ações inconscientes de um bando de rapazolas que decidiram tirar uns tempos de férias para brincarem aos governos.

O que me importa, e isso importa-me muito, são as consequências dos maléficos atos deste punhado de tresloucados lesa povo e lesa pátria, que se julgam "iluminados" e que, por esse facto, defendem, e até acreditam, no “ou nós ou o caos”.

A realidade pura e dura é que com eles é que é o caos, com eles foi o caos, com eles está a ser o caos e com eles continuará a ser o caos até ao final do mandato de que estão investidos, findo o qual quase tudo terá sido destruído, desde os pilares de um Estado Social justo e equitativo, passando pelos pilares da economia até aos alicerces da democracia. Um povo sofrendo, um povo sem trabalho, um povo sem esperança, um povo a empobrecer, senão mesmo a caminho da miséria, o que menos lhe interessa é a democracia. Acordem senhores políticos enquanto ainda é possível salvar alguma coisa deste  cataclismo que nos coube em sorte.

E a propósito de políticos, por onde para a Oposição? Já não pergunto pelo senhor Presidente da República porque esse aliou-se aos tresloucados e perdeu-se no caminho, mas uma oposição esclarecida e esclarecedora, séria e sem calculismos eleitoralistas, era capaz de nos ajudar um pouco, se existisse, digo eu.

Continuar assim é que não, no fim não restará pedra sobre pedra.


sexta-feira, 15 de novembro de 2013

A Mentira não Resiste ao Tempo

(Abraham Lincoln em 1860 – Retrato da Wikimedia)

"Pode-se enganar a todos por algum tempo;
Pode-se enganar alguns por todo o tempo;
Mas não se pode enganar a todos todo o tempo"
- Abraham Lincoln (1809 - 1865) 16° presidente dos Estados Unidos, entre 1861 e 1865 

Embora haja sempre lugar para aqueles que querem continuar a ser enganados - até ao momento de lhes tocar o desaire à porta -, tomando por base esta frase do Lincoln, que acaba por ser um senso comum, é assim expectável que as mentiras deste Governo do PSD/CDS, sobre a real situação a que, em dois anos e meio, conduziu o país, comecem a ser desmascaradas a pouco e pouco.

A última mentira para desmascarar é a do desemprego. Dizem-nos que baixou para 15,6% (menos 48 mil desempregados num ano).
É verdade, e ainda bem que assim é. O que não dizem é que o desemprego se mede em função da População Ativa (pessoas em condições de poderem exercer uma profissão), dividindo o número de desempregados de entre essa população pela sua totalidade. Ora como dessa população ativa desapareceram, num só ano, 170 mil pessoas - 120 mil que emigraram (à razão de 10 mil por mês) e mais 50 mil que desistiram de procurar trabalho nos Centros de Emprego - o resultado salda-se por uma destruição de emprego líquido, num só ano, de 122 mil postos de trabalho, valor que desaparece do numerador e do denominador da fração, (120 mil, mais 50 mil, menos 48 mil). Ora aqui está mais uma aldrabice para enganar os incautos e os que querem ser enganados, e assim vamos... no bom caminho, porque quando não houver População Ativa a taxa de desemprego será zero, pois não havendo ninguém para trabalhar também não haverá desemprego.

Só para termos uma ideia da real dimensão do problema que Portugal tem em mãos com o desemprego, vamos dar uma olhada ao quadro abaixo - construído no site do FMI - que representa 3 vetores sobre a variável tempo (clique no quadro para o ampliar). A variável tempo são os anos de 2005 a 2013 os vetores são:
- Taxa de desemprego (Unemployment rate);
- Pessoas empregadas (Employement);
- População total (Population).

Já consultou o quadro? Então pode tirar esta conclusão: - A população portuguesa com emprego no final de 2010 era de 4,93 milhões. A projeção para o final de 2013 salda-se por 4,48 milhões, ou seja em 3 anos este Governo destruiu 450 mil postos de trabalho. Esta é a realidade dos números e não a que os peritos em pantomina, do Governo, nos apregoam.

(População e Desemprego em Portugal - Clique na imagem para a ampliar)

Aproveite para reler este "post" sobre o Desemprego clique aqui.

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Os Impostos há 40 anos, e o Retorno para o Cidadão


(Imagem de um recibo de salário de 1974)
- clique na imagem para ampliar -

Em 1974 este salário de 4.000$00 (quatro mil Escudos) era o salário médio de um chefe de família de classe média baixa. Equivaleria, mais ou menos, a um salário de cerca de 1.000€ na atualidade.
Para o trabalhador, as taxas dos Impostos para este salário eram as que estão expressas no Recibo da imagem acima (10% no total).
Na atualidade, para um salário de 1.000€ as taxas são de 23,5% (mais do dobro), como segue:
 - Segurança Social: 11% (aumentou 37,5%);
 - IRS (antigo Imposto Profissional): 12,5% (aumentou 500%).

Não nos podemos esquecer que atualmente a entidade patronal também paga 23,75% sobre os salários dos empregados para a Segurança Social e que em 74 pagava o mesmo que o empregado.
Àh! e agora temos também o IVA, (apesar de ser um imposto indireto sobre os salários) que naquela altura não sobrecarregava o nosso orçamento familiar (havia o pai dele que se chamava Imposto de Transações, mas com taxas quase residuais e insignificantes ao pé das taxas do atual IVA).

Enquanto que há 40 anos um empregado com este salário levava para casa 90% do que o patrão lhe pagava, agora um empregado equiparado leva 76,5%, valor ao qual tem que deduzir as elevadíssimas taxas de IVA, pelo menos 16% em média, em tudo o que compra.

Por este andar, quem cá estiver daqui a mais 40 anos vai voltar a ser remunerado como se remunerava o trabalho na Idade Média: - Trabalhar, de sol a sol, a troco de alimentação e alojamento proporcionados pelo senhor feudal (o dono dos meios de produção), portanto trabalhar sem salário real.

Mas agora ainda há a considerar mais um fator, e não sei mesmo se mais importante que a enormidade de impostos que pagamos: - Os benefícios sociais que tínhamos de retorno dos nossos impostos eram melhores do que os que na atualidade nos proporciona o "Estado Social" que os neoliberais do Governo querem piorar ainda mais. Vou dar exemplos pessoais:

- Em 1973 necessitei de ser submetido a uma cirurgia com alguma complexidade uma vez que envolvia intervenções diretas nos vasos sanguíneos dos membros inferiores. O que precisei então de fazer: - Deslocar-me ao "Posto da Caixa" da minha área de residência, marcar a consulta para o médico da especialidade (sem custos) e em menos de um mês tinha feito um role de análises (gratuitas) e estava a ser operado na Clínica da Reboleira (Amadora), tendo a "Caixa de Previdência" - era assim que se chamava na altura a Segurança Social - tratado de todo o processo burocrático para o internamento. Apenas tive que me apresentar no dia e hora marcada na Clínica. Estive internado 5 dias e tive mais 3 semanas de convalescença. Quanto paguei? Zero, repito, paguei zero (exeto os medicamentos da convalescença que tinham um custo residual para o utente). Atualmente começamos logo a pagar na primeira consulta, pagamos pelas análises, e depois ainda aparece a conta do Hospital, no qual, com alguma sorte fomos admitidos após largos meses de espera.

- Outro exemplo: - No início da década de 70, o Ministro Veiga Simão (que fez uma verdadeira reforma do ensino em Portugal, que devia deixar corado de vergonha o Ministro Crato) instituiu o Ensino Oficial Noturno nos Liceus e em algumas Universidades para quem queria estudar, mas tinha que trabalhar (até aí só havia nas Escolas Técnicas e no ensino particular) benefício de que eu próprio usufruí. Tínhamos à nossa espera, antes de iniciar as aulas, uma Cantina com uma sopa quente, e pagámos uma propina anual simbólica e ainda tínhamos direito a livros gratuitos cedidos pela Instituição. Onde estão hoje estes benefícios? Até o ensino noturno acabou.

- Outro exemplo ainda: - Nesses idos anos 70, poucas pessoas tinham carro próprio (também não tinha a utilidade que tem hoje, era um objeto de lazer) e a maioria das pessoas deslocava-se para o trabalho de transportes públicos, que eram suficientes e regulares, a preços acessíveis e sem filas e acotovelamentos nas paragens. No meu caso pessoal, que trabalhava em Lisboa e morava na Cova da Piedade, bastava-me sair de casa às 8h00 para estar no trabalho às 8h50. 50 minutos, incluindo a travessia de barco. Na atualidade, além do exorbitante aumento do preço dos transportes, apenas podemos ter certezas quanto à hora de saída, a de chegada, quando se chegar logo se vê quantas horas foram.

É caso para perguntar: - Se nessa época os Impostos que eram muito menos "pesados" davam para tudo isto, ainda havia crescimento e Portugal não tinha dívidas ao estrangeiro, onde é que estes salteadores que nos governam metem o dinheiro que nos tiram em impostos?
É que é preciso não esquecer que temos dos mais altos impostos da Europa.


sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Quando é que Saímos do Euro?

(Imagem da Internet)

Fui um euro-defensor convicto. Lamentável e infelizmente, tenho que dar a mão à palmatória e concluir que sair do Euro será inevitável para Portugal. É só uma questão e tempo. E quanto mais tempo “aguentarmos” mais penosas vão ser as consequências dessa saída porque estaremos mais de tudo, mais pobres, mais endividados, mais desempregados, mais descredibilizados, mais intolerantes e sobretudo muito mais frágeis.

Portugal, e não só, mas é Portugal que nos deve interessar, neste momento está na Zona Euro apenas a servir de tampão protetor aos países do centro. Somos uma espécie de “tropa de infantaria” que é deixada na frente de batalha  para “aguentar” o inimigo e proteger o corpo do exército enquanto este se põe a recato. É isto que interessa ao centro da Europa, ainda que para tal tenham que ir entrando com algum dinheiro de recuperação duvidosa e que nos custa sangue suor e lágrimas em sacrifícios inglórios. O que eles nos dizem é “aguentem, aguentem” que estão no bom caminho. O que eles pensam é “aguentem aguentem” porque  enquanto aguentarem nós estamos a salvo e até vamos enriquecendo mas azar dos azares, o "fogo" começa a chegar ao coração da Europa, ainda ontem a Agência de Rating S&P baixou o rating da França de AA+ para AA.

Reconheço hoje, com bastante mágoa pessoal, que comprámos uma ilusão com a nossa entrada no Euro, e que os países  que estão a lucrar (muito) com esta situação sabiam a ilusão que nos estavam a vender porque tudo isto foi minuciosamente premeditado.

No contexto em que nos encontramos, e por muito que os fanáticos do Governo apregoem que "já estamos a dar a volta" e "agora é que é", ou ocorre muito rapidamente uma reviravolta de 180º na politica, na atitude e sobretudo na ação da Europa, ou, a não ser que queiramos mesmo perder a nossa identidade (a independência já a perdemos), teremos que considerar muito seriamente a pergunta:

- Quando é que saímos do Euro?

Tenho plena consciência dos impactos dramáticos que uma saída (mesmo controlada) do Euro terá para Portugal e os efeitos que causará nos restantes países. Desde logo a dívida de Portugal disparará por força da desvalorização da moeda local (Escudo?) que venha a circular. Ficaremos todos mais pobres na proporção direta dessa desvalorização (há quem arrisque 30%, há quem aposte em 60%), mas o que quer que seja será de uma vez. Daremos um grande trambolhão, mas sabemos onde caímos e como levantar-nos. Acresce que, se este bando de salteadores que se diz Governo, não o esturrou já, ainda temos 382,5 toneladas de reservas de ouro no Banco de Portugal, ouro que à cotação de hoje valem 15.500.000.000,00€. (A propósito de esturrar ouro, vale a pena reler este post).

Já poucos se lembrarão, mas em 1983 (entre desvalorização cambial e taxa de inflação - de 30%) empobrecemos num ano cerca de 40% e ninguém morreu por isso. Agora estamos a morrer aos poucos, dia após dia, mês após mês, ano após ano. Já lá vão 5 anos, já empobrecemos, em média, 25% e não se vê a "tal luz" ao fundo do túnel. A aliança da Srª Merkel com o SPD na Alemanha "acendeu" essa luz, mas rapidamente se apagou e apagada continua enquanto Portugal está a morrer na escuridão e a caminho do obscurantismo.

Se não for antes, pelo menos lá para meados de 2014 este tema de Portugal sair do Euro, deixará de ser tabu. É só esperar pela execução orçamental de 2014 (com os retificativos da praxe) e o Governo voltar à receita de mais austeridade de milhares de milhões sobre os mesmos, nós.

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

A Propaganda e a Realidade

 
(Imagem publicada no “Jornal Sol” – clique para ampliar)
 
Esta imagem foi publicada na versão eletrónica do Jornal SOL no passado dia 28, e, como sempre, uma imagem vale por mil palavras.
 
Falta nela um dado importante - qual era o “ponto de partida” - ou seja, qual era a carga de impostos a que os portugueses estavam sujeitos em 2010, que já era a 6ª mais elevada da Europa, ou seja só cinco países (Itália, França, Bélgica, Irlanda e Suécia) tinham naquele ano uma carga fiscal maior que Portugal. Mas mesmo sem essa informação dá para perceber o “castigo” a que os Governos do PS em 2010 e o atual Governo do PSD/CDS em 2013, este com o seu “brutal aumento de impostos”, submeteram o país catapultando-o para o 2º lugar dos países da UE que viram a sua carga fiscal a subir mais. Pior só a França. E a verdade é que um grande aumento sobre uma carga baixa (caso da República Checa), não é o mesmo que um grande aumento sobre uma carga já elevada como era a nossa já em 2012.
 
Para quem não esteja familiarizado com estes números, este aumento de impostos, equivalente a de 2,1% do PIB, equivale a um aumento da receita do estado em 3,5 mil milhões de Euros quase tanto como as “medidas de austeridade” (leia-se cortes) prevista no OE para 2014.
 
É assim, pela evidência dos números que se prova quão falsa é a afirmação (mais um embuste) do Governo, e dos seus papagaios às ordens, de que a carga fiscal em Portugal ainda tem margem para crescer. Infelizmente, mesmo já esmagados por ela, é o que temos de mais certo para o ano de 2014, e ter que arranjar mais "margem" à força, tal como escrevi neste post. Aliás o Governo, nestas duas últimas semanas, já falou demasiadas vezes no "recurso aos impostos" e isso não é um bom sinal.
 
É caso para insistir, mais uma vez na pergunta: - tantos cortes, tantos impostos, tanto sacrifício, para quê, se estamos cada vez pior, ao fim de quase três anos de punição? Quem é que se anda a abotoar com tantos milhares de milhões para esta punição não ter fim à vista?