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sábado, 20 de abril de 2013

A Derrocada...

 
(imagem retirada da Internet)

Lavoisier deixou-nos na sua teoria que “na Natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. Se fizermos um esforço de abstração, em Economia é mais ou menos o mesmo. A despesa de uns transforma-se na receita de outros e vice versa. Podemos constatar isso na nossa economia doméstica pessoal, na qual o nosso salário é a nossa receita e é a despesa do nosso patrão. A nossa despesa no supermercado, no talho, na oficina, etc. é a receita dessas entidades.
 
Se quebrarmos um elo dessa cadeia, alguém deixa de fazer despesa, ou passa a fazer menos, e alguém deixa de ter receita, ou passa a ter menos. Foi o que o nosso Governo e a Troika fizeram: - Com a obcessão de diminuir o déficit de uma penada, quebraram alguns elos da cadeia do Sistema Económico do país e fragilizaram outros. Como a Economia de um qualquer país é um sistema de interdependências, quando se quebra uma cadeia ou se altera um fluxo sem avaliar os impactos dessa atitude em toda a cadeia que é o país real, dá no que deu em Portugal. Passados que são dois anos estamos bem pior do que estávamos em 2011. Produzimos menos, devemos mais, se produzimos menos temos menos rendimento líquido, temos mais desemprego, o Estado arrecada menos impostos e tem mais despesa com o chamado “Estado Social” e estamos todos (os que de algum modo vivemos do rendimento do trabalho - passado ou presente) mais pobres.
 
Se este ciclo infernal não for cortado (dizia um politico conhecido, se não deixarmos de escavar mais o buraco) a derrocada do país está mesmo ali à frente. E, sem alarmismos, o que é isso da derrocada? Simples: - Não havendo dinheiro, não haverá palhaços, ou seja: O país paralisa, não produz, endivida-se mais, e mais, e ainda mais (enquanto houver quem empreste), até que deixa de ter emprestado e de poder pagar o que lhe emprestaram. Não havendo produção interna suficiente, nem dinheiro, também não haverá importações (estamos muito longe de produzir o que consumimos, mas isso é história para outro “post”). Os bens essenciais escasseiam, entra em funcionamento o racionamento (relembro 1983) e floresce o  “mercado negro” para quem tiver ainda algum poder de compra. Será o caos, económico e social e, mais uma vez, quem vai sofrer são os mesmos de sempre, os mais carenciados e que em absolutamente nada contribuíram para este estado de coisas, ao contrário do que nos querem fazer crer.
 
Como chegámos então a esta encruzilhada? Pura e simplesmente porque alguns elos da cadeia económica foram cortados de forma abrupta, radical e quase definitiva. Atentemos na imagem seguinte:
 
(Clique na imagem para ampliar)
 
No retângulo verde (à esquerda) temos a expressão do que o país produz. Para o exemplo não importa quanto. Suponhamos uma quantidade “K”.  Aquilo que produzimos, gera duas coisas: Riqueza Líquida (os nosso salários líquidos, e os lucros de quem investiu para produzir) e Impostos (os dos trabalhadores e os das empresas).
 
Os nossos Salários e os Lucros dos Investidores sustentam o Consumo Privado e o Investimento Privado (aqui podemos também incluir a Banca, porque os seus financiamentos sustentam-se na riqueza líquida, pode é vir de outro país, o que significa endividamento. Outra história).
 
O Consumo Privado gera impostos, e de certo modo também contribui para o Produto Nacional. O Investimento Privado depois de  “transformado” em produtivo, gera mais riqueza.
 
Os Impostos cobrados pelo Estado alimentam 3 importantes componentes gastadoras da economia:  Os Gastos do Estado em si mesmo, para funcionar, (Governo, Assembleia, Ministérios, …). Os Serviços que presta aos cidadãos (Saúde, Educação, Infraestruturas e Prestações Sociais (Desemprego, RSI, Doença, etc.). E Investimento Publico (construção de Hospitais, Escolas, Estradas, Pontes, etc.)
 
Ora o que aconteceu nestes dois anos que o Governo leva em funções com maior impacto no Sistema foi o CORTE TOTAL DO INVESTIMENTO PÚBLICO (salvou-se o QREN, dinheiro da EU, mas reduzido à ínfima espécie e que até já serve para financiar despesa corrente do Estado). E um corte “cego” no FUNCIONAMENTO DO ESTADO que gerou milhares de desempregados e de precários que estavam contratados a prazo.
 
Estes dois fatores fragilizaram o Produto do País, que por sua vez diminuiu a riqueza, aumentou o desemprego, reduziu a receita dos impostos e impactou todos os fatores do conjunto direito da imagem, sobretudo o aumento dos encargos do Estado com os cidadãos (subsídio de desemprego e reformas antecipadas). Toda a cadeia ficou em deficit e para agravar a situação há um outro fator que não está na imagem e que é uma resultante do colapso da cadeia de produção que é a dívida (os impostos não conseguem sustentar a máquina do Estado e este pede emprestado) tema que está tratada de forma independente num “post” de Março, “O Monstro da Dívida”.
 
Como o ciclo se repete e intensifica a cada dia, a derrocada acabará por ser inevitável. Só um milagre na Europa, que conduza a que o Governo atue nos fluxos que fragilizou e que alimentam a Produção Nacional (Investimento Público, Investimento Privado, Consumo Publico e Consumo Privado) nos salvará da mais do que certa derrocada económica e social, da qual não recuperaremos nas próximas décadas.
 

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